A importância do bar
Conto novinho em folha!
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Duas da manhã. Eu estava sentado em um bar escuro. Havia acabado de entornar a 9ª garrafa de cerveja, quando ela entrou. Não consegui resistir a olhar para seus cabelos vermelhos de fogo. Fui ao balcão pedir mais uma cerveja. Já estava bêbado, mas precisa de mais álcool para ter coragem. A guria parecia balançar na minha frente, mas na verdade era eu quem tonteava. “Foda-se”, pensei, “tenho que esquecê-la, não vou conseguir bosta nenhuma”. Fumava demais, o cinzeiro foi trocado umas 4 vezes. Diabo de mulher!
Ela conversava com um pessoal retardado. Não conseguia ouvir todas as frases, mas algumas eu pinçava da conversa : “eu cursei 3 matérias na faculdade, tenho preguiça de fazer mais”, “cheguei às 8 da manhã, sem dinheiro nem para o táxi”, “você já foi lá? É muito legal”,etc.
Levantei para mijar. Passei bem perto dela e fiquei embasbacado com seu perfume e suas unhas pintadas de preto. No banheiro, tudo rodava. O mijo saía transparente e a bexiga doía. “Agora eu vou”, pensei.
- Janine?
- Oi?
- Quero falar contigo!
- Como assim?
- Lá fora.
Surpreendentemente ela me seguiu.
- Diga ,cara, o que quer?
- Falar contigo.
- Então...
- Por que me seguiste?
- Porque você pediu.
- Humm
- Vamos fazer assim, qual é seu nome?
- Lúcio
- Lúcio, venha beber com a gente, lá dentro.
- Ok
Entramos de volta ao bar. Conheci os amigos da Janine. Meio legais. No que fui me meter, que ridículo. Ao invés dela me xingar e me mandar dormir, convidou para sentar. Que perdedor eu sou!
Levantei de novo. Maldita bexiga. Mas não foi de todo ruim. Saí de perto daquela massa de vozes. Resolvi ir embora, mas para onde? Outro bar!
Fui me despedir.
- Lúcio, vai embora tão cedo?
- São quase quatro da manhã. Tenho que acordar cedo – menti
- Vou com você.
Não acreditei. Ela se despediu dos amigos, pagou a conta e me seguiu. Passado o forte da bebedeira, percebi o quanto era linda. Um mulherão na real e eu, um guri cagado.
- Eu estou a pé, quando decido encher a cara, não pego o carro.
- Tudo bem.
Andamos em silêncio.
- Lúcio, em que estava pensando lá no bar?
- Quando?
- Antes de vir falar comigo.
Ih, fudeu!
- Ahn, meditações etílicas, crises existenciais e tal.
- Você estava meio triste, me pareceu.
E agora? Minto descaradamente ou parto para a agressão?
- Janine, na real : cheguei no bar às 10 da noite. Fiquei bebendo o tempo inteiro, pensando em você. Achei que você não apareceria no bar esta noite e por isso continuei bebendo. Quanto mais o tempo passava, mais bebia para acompanhar a tristeza de não poder lhe ver e eu queria muito isso. Aí você chegou divertindo seus amigos e fiquei mais deprimido ainda. Resolvi falar com você, senão meu peito explodiria e agora me sinto completamente sem graça, pois estamos caminhando neste frio, na madrugada e não sei como agir, sem você me achar um completo retardado...
- E tem coisa melhor?
- Como??? – perguntei meio abobalhado
- E tem coisa melhor que andarmos na madrugada, mesmo fria?
- Tem!
- O quê?
- Andarmos na madrugada, mesmo fria, abraçados.
E abracei-a, beijei sua boca vermelha e senti todo o perfume de seu corpo. Ficamos um curto minuto nesta posição. Olhei-a nos olhos, que pareciam incrédulos e ouvi dela :
- E eu que tinha saído com meus amigos justamente para esquecer você, pois achava impossível tudo isso.
Quem diria que a guria com a aparência mais decidida e independente do mundo era um poço de sentimentos?
Seguimos andando. Aquela rua não seria mais a mesma. Janine e eu não seríamos mais os mesmos. Todos os meus domingos daqui para frente não seriam mais os mesmos.
Definitivamente, o que seria de nós sem os bares e as cervejas!?
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Duas da manhã. Eu estava sentado em um bar escuro. Havia acabado de entornar a 9ª garrafa de cerveja, quando ela entrou. Não consegui resistir a olhar para seus cabelos vermelhos de fogo. Fui ao balcão pedir mais uma cerveja. Já estava bêbado, mas precisa de mais álcool para ter coragem. A guria parecia balançar na minha frente, mas na verdade era eu quem tonteava. “Foda-se”, pensei, “tenho que esquecê-la, não vou conseguir bosta nenhuma”. Fumava demais, o cinzeiro foi trocado umas 4 vezes. Diabo de mulher!
Ela conversava com um pessoal retardado. Não conseguia ouvir todas as frases, mas algumas eu pinçava da conversa : “eu cursei 3 matérias na faculdade, tenho preguiça de fazer mais”, “cheguei às 8 da manhã, sem dinheiro nem para o táxi”, “você já foi lá? É muito legal”,etc.
Levantei para mijar. Passei bem perto dela e fiquei embasbacado com seu perfume e suas unhas pintadas de preto. No banheiro, tudo rodava. O mijo saía transparente e a bexiga doía. “Agora eu vou”, pensei.
- Janine?
- Oi?
- Quero falar contigo!
- Como assim?
- Lá fora.
Surpreendentemente ela me seguiu.
- Diga ,cara, o que quer?
- Falar contigo.
- Então...
- Por que me seguiste?
- Porque você pediu.
- Humm
- Vamos fazer assim, qual é seu nome?
- Lúcio
- Lúcio, venha beber com a gente, lá dentro.
- Ok
Entramos de volta ao bar. Conheci os amigos da Janine. Meio legais. No que fui me meter, que ridículo. Ao invés dela me xingar e me mandar dormir, convidou para sentar. Que perdedor eu sou!
Levantei de novo. Maldita bexiga. Mas não foi de todo ruim. Saí de perto daquela massa de vozes. Resolvi ir embora, mas para onde? Outro bar!
Fui me despedir.
- Lúcio, vai embora tão cedo?
- São quase quatro da manhã. Tenho que acordar cedo – menti
- Vou com você.
Não acreditei. Ela se despediu dos amigos, pagou a conta e me seguiu. Passado o forte da bebedeira, percebi o quanto era linda. Um mulherão na real e eu, um guri cagado.
- Eu estou a pé, quando decido encher a cara, não pego o carro.
- Tudo bem.
Andamos em silêncio.
- Lúcio, em que estava pensando lá no bar?
- Quando?
- Antes de vir falar comigo.
Ih, fudeu!
- Ahn, meditações etílicas, crises existenciais e tal.
- Você estava meio triste, me pareceu.
E agora? Minto descaradamente ou parto para a agressão?
- Janine, na real : cheguei no bar às 10 da noite. Fiquei bebendo o tempo inteiro, pensando em você. Achei que você não apareceria no bar esta noite e por isso continuei bebendo. Quanto mais o tempo passava, mais bebia para acompanhar a tristeza de não poder lhe ver e eu queria muito isso. Aí você chegou divertindo seus amigos e fiquei mais deprimido ainda. Resolvi falar com você, senão meu peito explodiria e agora me sinto completamente sem graça, pois estamos caminhando neste frio, na madrugada e não sei como agir, sem você me achar um completo retardado...
- E tem coisa melhor?
- Como??? – perguntei meio abobalhado
- E tem coisa melhor que andarmos na madrugada, mesmo fria?
- Tem!
- O quê?
- Andarmos na madrugada, mesmo fria, abraçados.
E abracei-a, beijei sua boca vermelha e senti todo o perfume de seu corpo. Ficamos um curto minuto nesta posição. Olhei-a nos olhos, que pareciam incrédulos e ouvi dela :
- E eu que tinha saído com meus amigos justamente para esquecer você, pois achava impossível tudo isso.
Quem diria que a guria com a aparência mais decidida e independente do mundo era um poço de sentimentos?
Seguimos andando. Aquela rua não seria mais a mesma. Janine e eu não seríamos mais os mesmos. Todos os meus domingos daqui para frente não seriam mais os mesmos.
Definitivamente, o que seria de nós sem os bares e as cervejas!?
1 Comentários:
Em homenagem ao bar, que é a nossa segunda casa, e aos boêmios, nosso irmãos na luta diária contra a garrafa cheia, uma frase do Lupicínio Rodrigues: "O amanhecer é o preço que o boêmio paga por viver no sistema solar".
Abraço do Muri.
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