DRUNKEN BUTTERFLY

Cultura underground e textos doentios

sábado, abril 29, 2006

Burroughs


Encontrei no diário do grande escritor William Burroughs o texto que segue, muito interessante. Para quem nao sabe, este cara foi um baita dum maluco porra louca, que gravou seus poemas junto com Kurt Cobain (sim,aquele!) e experimentou todas as drogas possíveis. Repare que isso foi escrito apenas algumas semanas antes dele morrer.
"Todos os governos são erguidos sobre mentiras. Todas as organizações s
ão erguidas sobre mentiras. As mentiras podem ser inofensivas, como a mentira da droga milagrosa, a metadona, que supostamente remove o desejo de heroína (claro, como o gim alivia a necessidade de uísque).
A droga surgiu em meio a mentiras explicadas a mim por um dos primeiros médicos.
A metadona é a primeira síntese bem-sucedida da molécula de morfina. Em Tânger, tive um hábito de dois anos de metadona injetável que era droga pura.
Quem são os malucos antidrogas? De onde vêm?
Fato: a cannabis é uma das melhores drogas para combater a náusea, aumenta o apetite e o bem-estar.
Também estimula os centros visuais cerebrais. Já tive tantas imagens ótimas conseguidas com cannabis. Na minha época de saladas, eu usava só ela, e que realizações consegui! (''E que acasalamentos!'', como exclamou um crítico francês admirado.)
Algumas tragadas na teta verde e consigo enxergar múltiplas saídas e caminhos. Então por que tanta repressão a essa substância inofensiva e prazerosa?
Quem é você, para quem a verdade é tão perigosa? O que é a verdade? Algo imediatamente percebido como sendo a verdade.
Allen abriu rombos na Grande Mentira, não apenas com sua poesia, mas com sua presença, sua verdade espiritual auto-evidente.
Últimas palavras ''dois a cinco meses, os médicos disseram'', disse Allen, ''mas eu acho que vai ser muito menos''.Depois ele me disse: ''Achei que ficaria apavorado, mas estou totalmente feliz!''. Suas últimas palavras a mim. Eu me recordo de falar com ele pelo telefone antes do diagnóstico fatal, e já estava ali em sua voz distante, fraca. Então eu soube."
William S. Burroughs

RESENHA DA SEMANA : BUDDY GUY (Bring´em in)

O que Jimi Hendrix, Stevie Ray Vaughan e Eric Clapton têm (tinham L) em comum? Eles adoravam Buddy Guy e aprenderam a tocar, ouvindo seus velhos discos de blues. Só por aí, dá para ter uma idéia da moral do cara. Em seu último álbum (pelo que me consta), o bluseiro, como sempre, apavora no feeling e na destreza em conduzir seus temas. Parece piada, mas a voz do Buddy Guy continua impecável, com todo aquele sotaque negão sulista que arrepia a espinha dos fãs de blues pelo mundo todo. A idade nem parece pesar nas costas deste senhor, que deve estar com seus 70 ou 80 anos, mas que coloca muito guri de merda no chinelo (êta clichê chinfrim, prometo não mais usar).
Destaques? Todas as faixas. Mas as versões de “Lay, Lady Lay” e “I Put a Spell on You” são lindas demais. Buddy conta com apoio de músicos convidados (já meio prática dos bluseiros velha-guarda), que dão conta do recado ao tocar com o mestre (não é para qualquer um). O único “senão” do disco é alguns arranjos meio modernosos em algumas faixas, que alteram a degustação do puro blues. Mas isto é detalhe, afinal Muddy Waters pregava que “pedras que rolam, não criam limo” e Buddy Guy segue este princípio à risca.
NOTA DO DANI : 8,5

terça-feira, abril 25, 2006

Ela !

Ela realmente é maluca. Depois de me seduzir, de me conquistar, de me tontear, de me desprezar, de voltar atrás, de me conquistar de vez, de me acompanhar, me enfeitiçar, de me inspirar, de me fazer feliz, de me encorajar, de me chutar de novo, de me abalar, me desnortear, me confundir, ela me convenceu a esquece-la.
E eu esqueci !
Hoje ela apareceu e me disse que está namorando. Fiquei com cara de caneca, com cara de cú, com cara da puta que pariu

E eu que tive a pretensão de tentar entender as mulheres...

segunda-feira, abril 24, 2006

Resenha da semana : Arctic Monkeys (Whatever People Say I Am, That's What I'm Not)

Ouvi falar desta banda há alguns meses atrás, porém só fui atrás para ouvir na semana passada. Antes de conseguir o som, procurei ler algumas resenhas para conhecer melhor “das qualé” dos caras do Arctic Monkeys. Confesso que me empolguei com os comentários e fui de cara “procurar”(leia-se : baixar) o som.
Decepção: repetição, muita repetição. Assim que podemos qualificar este “Whatever People Say I Am, That's What I'm Not”. Realmente a concepção da música é boa : rock´n´roll direto, sem muitas firulas, vocal seco, guitarras com o peso certo, influencias de punk 77, pós-punk, etc. O problema é que todas as idéias se repetem nas 13 faixas. “ I Bet You Look Good on the Dancefloor” cola no ouvido direto, sendo a melhor música do disco e a única a qual podemos qualificar de afudê. Porem, quando você chega lá pela 7ª ou 8ª faixa, a coisa cansa de tal forma que você não chega ao final do disco.

“- Mas como você fez a resenha então, magrão !?

-Ouvindo o disco em 2 sessões, dããã!!!!”

A banda não é ruim, a produção é nota 10, porém fica a sensação de “eu já ouvi isto antes e bem melhor”.
Que me perdoem os entusiastas, mas os Monkeys aí são somente uma banda “hypada” nas últimas.
NOTA DO DANI : 6

Chevetão

Acordei! Dia de sol!
Depois de tomar aquele café da manhã clássico (bolo, sucrilhos, yogurt e banana), demorei alguns minutos escolhendo a trilha sonora para aquela sexta-feira. Afinal, o CD para rolar no carro, no trajeto da casa para o trabalho, deve ser bem escolhido, para o dia começar bem.
Neste dia, peguei o último do Black Rebel Motorcycle Club, minha mais nova descoberta. O disco perfeito para a sexta: tem atitude (no bom sentido do termo, pelamordedeus), é sombrio, forte, música feita com o coração e alma rocker, etc...
Entrei no meu carro e coloquei o disquinho para rolar. Só alegria, rock estradeiro! Deu-me vontade de desviar o caminho e tocar reto para a praia, ou para um bar ou para qualquer porcaria diferente do que meu trabalho.
Retão da MAESA, sol na cara. O cheiro do final de semana nas narinas.... e um tunts-tunts-tunts !

O QUÊ!?!!?!?!?!?!?!

Pois é, no meio do caminho havia um pedra.... uma pedra chamada Chevette-dirigido-por-magrinho-de-boné-e-óculos-escuros-oiuvindo-a-porra-do-som-alto. Ufa...
Fugi ! Acelerei tudo que dava para ficar longe. Mas, no primeiro sinal, ele chegou perto novamente. Fechei os vidros do carro, quase vomitando. Alivio, não dava para ouvir nada assim. Aumentei o volume do meu BRMC e comecei a rezar.
O sinal abriu ! Fugi de novo, correndo e torcendo para que ele não me alcançasse. Será que ele trabalha lá na empresa?
Na próxima sinaleira fechada, olhei pelo retrovisor. Ele, de fato, trabalhava na mesma empresa que eu...
Pensei eu um outro itinerário, mas como estava em cima do laço, iria perder a hora.
Pânico : faltavam ainda umas 5 quadras para chegar. Estava sem ar...

O tormento durou uns 5 minutos, mas que pareceram 5 horas. Desde o dia que estourou minha apendicite, não sofria tanto, sem poder fazer nada!

segunda-feira, abril 10, 2006

NIRVANA E TELEMARKETING

I need an easy friend
I do... with an ear to lend
I do...think you fit this shoe
I do... but you have a clue.

Quando estou sozinho em casa, nada melhor que colocar um Nirvana nas caixas de som e explodir os tímpanos. Toda a amargura da nossa geração metida a besta sangraram em suas letras. Toda a raiva que reprimimos para ser “politicamente corretos” virou acordes.
Nem bem começou a música e toca o telefone. Eu não podia acreditar que era alguém querendo me vender uma conta bancária. Meu sangue fervia de raiva. Comecei a cantar a letra da música, enquanto a atendente falava. Ela parou. Pediu se eu estava interessado. Eu falei que não, é claro. Meu dinheiro já é pouco para a conta que eu tenho. Para que ter duas?

Never speak a word again
I will crawl away for good

Ela não se convenceu e ficou a falar sobre as vantagens de ter uma conta no tal banco. Agora eu assobiava, mostrava a língua, coçava o saco...
- Márcia?
- Sim ?
- Eu não quero ter uma conta bancária !
- Mas nosso banco, blá,bla,blá.............
Nisto ouvi uma gritaria através da linha. Comecei a rir e ela ficou sem jeito. Uma algazarra rolava no escritório da menina.
- Márcia?
- Sim?
- Você vai perder a festa !
- Como?
- Sim, ouço daqui o barulho. Seus colegas estão festando. Vai lá e me deixa continuar a ouvir minha música, ok?
- Ah, mas o nosso gerente vai estar entrando em contato.
Que merda de gerundismo... odeio operadores de telemarketing !!!

I am my own parasite
I don't need a host to live
We feed off of each other
We can share our endorphins

Que merda ! 3ª música e eu no telefone. Mas me divertia com a Márcia. Acho que ela nunca ligou para alguém tão maluco. Enquanto ela continuava a insistir para que agendássemos uma visita com o tal gerente do banco, interrompi :
- Márcia, você já amou alguém?
- Desculpe?
- Não, não desculpo ! hahahahahaha
Agora acabei com ela. Vai tentar de novo !?
- Sr. Gustavo, o banco agradece sua atenção. Tenha uma boa noite.
- Não, espere. Você tem namorado?
- ... essa conversa está sendo gravada...
- Estão gravando? VAI TOMAR NO CÚ ! hahahahaha
Desliguei. Voltei ao meu Nirvana.

Can you feel my love buzz?
Can you feel my love buzz?
Can you feel my love buzz?
Can you feel my love buzz?

Estreando

Ae vai galera, vamos estrear a bagaça toda aki:
O objetivo de ter criado este blog e exercer minhas atividades de escritor frustrado, seja através de resenhas de discos, cds, poemas, contos e outras barbáries oriundas das nóias doentias que corrompem meus neurônios fajutos...

DRUNKEN BUTTERFLY é o título de um som do Sonic Youth (muito afudê).

DRUNKEN BUTTERFLY reúne fragilidade com loucura, com a perda do controle.

DRUNKEN BUTTERFLY é a quebra da rotina de nascer, crescer e morrer do ser vivo.

Seremos borboletas belas e livres que testam seus limites entre os dias e noites? Seremos borboletas tolas que procuram a saída de seus problemas através do hedonismo? Seremos vítimas do escapismo? Estamos no fim ou no início de um novo ciclo vital?