Amanheceu em Caxias

Estes dias, acordei quase no amanhecer, com a bexiga doída. Providencial urinada. O alívio vem e com ele a vontade de continuar dormindo por mais uma hora, antes do despertador tocar. Havia uma luz azulada entre a madrugada e a aurora, que me intrigou ao ponto de ir à varanda. Uma espetáculo de cores, ali, diante de mim. Veio a lembrança das noites viradas na festa, no bar, na praia. E eu parado, com o pensamento longe. Na rua, deserta, surgiu um vulto, andando devagar. Era um trabalhador indo pegar o ônibus? Era um bêbado voltando para casa? Era um caminhante insone? Não sei.
Fiquei observando, tentando adivinhar o que aquele cara fazia na rua, às 05:45 da manhã. Ele virou a cabeça em minha direção e me cumprimentou, com um sorriso no rosto. Eu respondi, totalmente sem jeito, por estar naquela situação ridícula : de pé, só de cuecas, observando os outros. Mas o pior não foi isto. Ou o melhor. Cheguei a conclusão que o homem poderia ser nada daquilo que imaginei ou tudo. Com uma vantagem óbvia : estava feliz da vida, mesmo já na rua, neste horário.
A vida é mesmo estranha.