DRUNKEN BUTTERFLY

Cultura underground e textos doentios

domingo, outubro 29, 2006

Domingão

Domingo: apêndice infeliz da semana. Fim do sonho, ressaca, volta à triste realidade...
Era comum associar o domingo com uma pilha de sentimentos tristes e sombrios. Por melhor que estivesse, o domingo sempre me foi infeliz.
Hoje, acordei do lado dela, sentindo seu perfume e admirando seu rosto. Ganhei um abraço. 1 da tarde? Não tem importância, quem se importa com horário em um domingo?
Fui ao mercado comprar arroz. Sol na cara, calor. Estava um caco, mas feliz. Eu digo bom dia à guria do caixa, ela diz boa tarde (Cacete! São quase 2 da tarde... hahaha).
Almocinho saboroso, sobremesa deliciosa. Não canso de olhar para ela nem um minuto.
Café !
Um passeio a pé, por ruas maravilhosas da minha Caxias. O sol suave aquece nossos corpos, enquanto escolhemos um lugar para morar.
O sol vai se apagando. Antes, o pôr-do-sol de domingo era a hora mais triste de todas. Hoje foi maravilhoso, pois estava com ela. Ela sorri para mim, diz que me ama. Eu acredito e desejo que este momento nunca se acabe.
Praça Dante, Feira do Livro. Encontro o Jaça. Ganho “O Corcunda de Notre Dame” de presente. Levo meu amor para casa.
No caminho, cruzo pelo Centro da cidade. Respiro fundo. Penso em registrar tudo o que sinto. As ruas já estão bem vazias e ouço meus passos ecoando. Fumo um cigarrinho, um quadro romântico. É necessário.
Venta. Um rajada de vento bate em meu rosto e dou risada. Uma lâmpada pisca 15 vezes antes de acender completamente. Um pedra solta no calçamento quase me derruba.
Chego em casa. Banho quente, Sonic Youth no som.
Hoje acho que o Domingo é afudê. Hoje não fico mais deprimido durante o pôr-do-sol. Hoje o amo com paixão.

domingo, outubro 22, 2006

Conto

Alguns já leram. De qualquer forma, vou publicar para todo mundo.

Nossa Casa

Não havia o que fazer naqueles dias frios de inverno de Julho. Não havia uma partida de sinuca para jogar, nem um livro decente para ler. Nem mesmo comida havia na espelunca onde morava. Havia apenas um aparelho de som, que ganhei no meu aniversario de 13 anos, onde ouvia repetidas vezes o mesmo CD do Crosby, Stills, Nash e Young. Há tempos que somente ouvia esta porcaria de cd gravável. Não que tivesse apenas este, mas era o único CD que conseguia suportar.
Resolvi sair para pegar um pouco de sol na cara e fumar um cigarrinho. Antes de acender o maldito, fui tomar um café sem açúcar para me aquecer. Entrei no boteco, pedi um “pretinho” e fiquei olhando para o rosto horrendo do proprietário, cheio de espinhas e verrugas, com mil sulcos de velhice. Fiquei imaginando como eu ficaria daqui uns 40 anos e pedi a Deus para que fosse mais clemente comigo, quando ficar velho.
Com o peito aquecido, enrolei melhor a manta no pescoço e fui até o parque. Lá sim eu pude sentar e acender meu tabaco. Não passou 2 minutos, apareceu um mendigo bêbado para torrar meu saco:
- Ôooo alemão! Consegue um cigarrinho aí?
- Não tenho, amigo. Este é filho único - respondi
- Então me dá uma fumada.
Eu odeio quem fala fumada. Odeio mendigo. Odeio quem fila cigarro de desconhecido.
Dei duas tragadas profundas e deixei o resto do cigarro para o mendigo. Me mandei. Não conseguia ficar em paz, nem mesmo isolado em uma porcaria de parque.
Andei uma quadra e entrei noutro boteco. Estava rolando um jogo do Colorado na TV e meia dúzia de idiotas gritava como loucos. Pedi um maço de Marlboro e mais um café preto.
- Devias largar este vício – disse o bodegueiro – Eu fumei 13 anos, fiquei doente e estou aqui graças à minha mulher que me ajudou.
- E quem não tem mulher e nem família que se importe, o que faz? – respondi na lata – Quanto devo?
- 3 pilas! Larga o cigarro o quanto antes, cara.
Eu sempre tive nojo de ex-fumante. Na maioria dos casos, pregam contra o cigarro, enchendo o saco de quem fuma e se gabando do fato de conseguirem abandonar o vício. Como se eu estivesse muito preocupado em parar de fumar.
Sai do bar e desci a avenida deserta. Eram seis da tarde e, por causa do frio, não havia praticamente ninguém na rua. Assim era melhor, pois o risco de encontrar um imbecil era bem menor. Sem perceber, fui parar no Exposição. Adorava este bairro, era plano e se podia caminhar tranqüilo nele. Além disso, a Michele morava lá.
Fiquei um bom tempo pensando nela enquanto caminhava. Ela era como uma daquelas princesas de filmes, doces e tímidas. O que mais gostava nela eram seus cabelos ondulados e loiros. Alem, é claro, de seus olhos amendoados e um tanto ariscos. Como era tímida para burro, sempre que eu ligava e a convidava para sair, não negava e nem aceitava. Não gosto de mulher indecisa!
Passei bem em frente de sua casa, porém nada se movia e apenas uma lâmpada devia estar acesa. Neste momento, uma grossa neblina feito cortina de fumava, engolia a cidade. A merda encharcava meu rosto, as roupas e as mãos e não dava sinal de amenizar tão cedo.
Desanimado, retornei para meu moquifo. Minha saída havia sido infrutífera mesmo. Atirei as roupas úmidas sobre uma cadeira velha e deitei. Liguei o som, acendi um cigarro e fiquei ouvindo Neil Young cantar “our house, it´s a very fine house”. Adormeci assim mesmo. Queria a Michele deitada aqui comigo.

segunda-feira, outubro 16, 2006

RESENHA (tentando ser de novo) DA SEMANA : DEATH CAB FOR CUTIE – Plans (2005)


Às vezes, meu lado psycho dá um tempo e passo a curtir umas melodias, uns rockinho e tal. E na maioria das vezes, me surpreendo gostando de coisas com o Death Cab for Cutie.
Dá para acreditar que uma das melhores músicas compostas no século XXI tenha um refrão do tipo “para-para-pá-pá, parara-parara-pá-pá”? Pois é, essa banda é linda, faz músicas fáceis, no caso, “Soul Meets Body”. Se houvesse um top 10 dos anos 2000-2005, o som em questão faria parte e digo isso sem temer parecer ridículo. Mas isso é só a ponta do iceberg, pois o álbum todo é maravilhoso, com o vocal lembrando muito David “voz de veludo” Gilmour. Este fato já é credencial para tentar ouvir o álbum, não acham? Além disto, a banda já carrega amplis no underground há mais de 10 anos. Não são piás de bosta querendo soar “legais”, são músicos, de categoria!
Mas “Plans” é mais do que isto. “Plans” tem violão, tem piano, tem algo bem gospel, sofrido. Tem aquela batida reta dos 80´s, tem o descompromisso dos 90´s, tem a paixão dos 60´s. “Plans” é alegria, é um pouco de desespero, é a trilha sonora deste século. É dor de não saber para onde ir, mas sabendo que é possível ser feliz. Se você tem esta sensação, ouça sem medo.Nota: 9,5

domingo, outubro 08, 2006

Irish Coffee

A verdade, a revelação, as coisas que realmente importam se manifestam da forma mais banal possível. A todo momento surgem sinais que, por culpa destes tempos modernos vorazes, não são percebidos, mas estão aí.
Domingo, na hora mais melancólica do dia mais melancólico da semana, fui beber um café. Olhei no cardápio, e lá li "Irish Coffee : café, whisky, chantilly"
Nunca o bebi antes e sempre tive vontade (não é pelo whisky! hehe). Hoje o pedi, hoje o bebi. Foda-se a economia.
Todos os dias fazemos sacrifícios, postulamos nossos desejos e vontades para deixá-lo ao futuro, como se o tempo fosse uma "reserva". O tempo voa e não podemos alcançá-lo. Hoje pensei em tudo que passou, o tempo que escapa por entre nossos dedos. Se há algo que não podemos recuperar, são as horas perdidas.
Então olhei dentro dos olhos dela, do grande amor de minha vida e concluí que há momentos que marcam nossa alma para todo o sempre. Sempre lembrarei daquele momento, em um café, sentado em sua frente. Sempre lembrarei da certeza que tive em amá-la. Por entre a fumaça dos cigarros, seu sorriso tímido me encantou, novamente...
E tudo começou com um café irlandês

quarta-feira, outubro 04, 2006

Agora com comentchários

Salve !
Graças a Mirela, que tem alguns neurônios a mais que eu, configurei o blog para receber comentários. Portanto, mandem bala. Escrevam, critiquem, chutem o balde e mandem sugestões.
ROCKZ!

domingo, outubro 01, 2006

RESENHA DA SEMANA (Mês? ;-/) : THE RAKES - Capture/Release (2005)


O The Rakes se enquadra naquela típica situação da banda que você não dá 50 centavos, mas quando ouve o disco, fica de queixo caído. A primeira faixa, Strasbourg, é simplesmente do caralho! Rockzão de primeira, com aquele tosqueira punk inglesa na veia!Além disto, conta com um vídeo muito porcão e engraçado (vai no Youtube, que tem!) O que a banda propõe não é nada inovador (rock/pop/punk), porém contagia o ouvinte. Outros destaques são o vocal distorcido e as guitarras cruas. Além da citada Strasbourg, vale a pena ouvir o petardaço 22 Grand Job e Binary Love, sendo esta última uma bela canção para dar uma identidade para a banda. A galera já está com o segundo disco no forno, resta esperar para ter mais uns miolos fritados, com prazer, pelo The Rakes.

Voltando

Olá caros 5 leitores, como vão?
Voltei, após muita reflexão e um período "vazio" de inspiração. Como somente sentimos falta daquilo que perdemos, vou voltar com o blog, que me serve de alento aos dias de pressão e agústia.
Para não cansar muito, fiz uma pequena resenha de um disquinho que anda rodando muito em casa, no carro, etc...
Obrigado pela compreensão. Amo vocês!