The Who - Endless & Wire
Sempre que é lançado um disco novo, de banda veterana, a frustração é praticamente certa, visto a quantidade de tiozinhos querendo ganhar uma graninha à custa de seu glorioso passado. Depois de uma lenga-lenga de quase 5 anos, o The Who, banda seminal da lendária invasão inglesa dos anos 60, lançou seu novo disco. E, graças aos deuses da música, não há frustração! O trabalho é bom, muito melhor do que tudo que foi lançado nos anos 80 (sem o baterista e herói Keith Moon, morto por overdose nos anos 70).
Em Endless Wire, apenas o vocalista Roger Daltrey e o guitarrista e mentor Pete Townshend compõe a banda, visto que o baixista John Entwistle faleceu durante a concepção do projeto. O novo trabalho foi, de certa forma, uma homenagem ao célebre baixista (segundo declarações de Townshend), um dos mais inventivos e influentes do rock´n´roll.
Endless Wire é vigoroso, pois não foi composto para resgatar o passado, nem para agradar saudosista. Ele é, de fato, um novo disco da banda, uma evolução de Daltrey e Townshend como compositores e músicos. E por isso, é vitorioso. “Fragments”, a faixa de abertura, faz lembrar a introdução da clássica Baba O´Riley (lembra o tecladinho?) e dá seqüência a "Man in a Purple Dress", épica e acústica (só voz e violão), uma alfinetada na Igreja. O incrível trabalho de vozes no disco é mérito de Roger Daltrey, que apesar de sessentão, tem garganta para assombrar os ouvintes (“Myke Post Theme”, “In the Eather” e “We Got a Hit”). O guitarrista Pete Townshend esbanja técnica e feeling seja na parte elétrica (“It´s Not Enough”), quanto na acústica (“Two Thousand Years”, bem folk). A cereja do bolo é justamente a última faixa (descosiderando as duas extend version no final), “Tea and Theatre”, onde a bateria lenta ressalta o vozeirão de Roger Daltrey. É de chorar de tão lindo!
Com este trabalho, o The Who passou no teste do tempo e mesmo com “meia banda”, mostrou um dos mais belos cd´s da década. Como eles mesmos cantavam no passado : “Long live rock, I need it every night!” (Longa vida ao rock, eu o necessito todas as noites!)